quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Curitiba, 21/11/2010

Com a sensação de ser um veterano, acordo sem despertador para a minha segunda maratona. Já ter vivido uma anteriormente faz toda diferença, tira parte da ansiedade e traz uma outra totalmente diferente. O medo não é do desconhecido, é do conhecido e já uma vez vencido.
Café forte, pão, pouco requeijão. Água. Conferir boné, fones, tocador mp3, jujuba de reposição de carbohidrato, relógio GPS, frequencímetro. Foi tudo meio em cima da hora, conferido só uma vez; conclusão: GPS desregulado, tive que desligar minutos após a largada. Resolvi ir na "emoção".
Foi "emocionante!" Tudo deu errado...
Fiz as duas primeiras horas em torno de 9,5km/h, 6min18seg por km, quarenta segundos mais rápido do que o planejado. E isso num trajeto de ladeiras! Na terceira hora, início da segunda metade da prova, começou a chegar a conta dos longas que não fiz, da musculação que parei de fazer, do ritmo muito puxado no início da prova e só consegui correr pouco mais que 7 km , chegando ao km 26 às 10:00 da manhã, com 3 horas de prova. O sol estava a pino, o dia abafado, as panturrilhas queimavam nas subidas e as coxas nas descidas. Ficava esperando pelos postos de hidratação para dar uma caminhada e descansar enquanto bebia água. No km 28 com 2/3 de prova cumpridos aconteceu o colapso muscular total. Era impossível trotar mais que 100, 150 metros, se insistisse em correr seriam cãimbras generalizadas e abandono da prova. Fiz umas contas rápidas e ainda tinha 2h45min de prova para cumprir 14 km e não estava difícil andar. Fui em frente, ainda com esperança de conseguir alguma recuperação miraculosa ao ponto de voltar a correr. Mas o milagre seria completar os 42km. Com quase cinco horas e meia de prova entro de volta na avenida de largada. Perto da chegada busquei forças para o já tradicional sprint e cheguei feliz de ter me tornado um maratonista veterano...


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ah, e depois?... Outra maratona!!!!

Passada a maratona, a meia maratona, o que poderia vir a seguir?
Fiquei com isso martelando na cabeça e resolvi que precisava de outra maratona, outro desafio. A que me pareceu mais viável foi a de Curitiba, que seria em novembro, dia 21. Isso permitiria uns 3 meses de preparação e de alguma forma achei que aproveitaria a preparação já feita. E ainda tinha a vantagem adidional de permitir uma visita ao Wander, super amigo de infância que casando com uma gaúcha de Caxias foi morar no meio do caminho entre o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul...
Pois bem, restava escolher qual planilha e optei pela planilha tradicional para maratona do pessoal do Furman Institute of Running and Scientific Training (FIRST). Entrei já no meio, lá pela semana 13, 12. Desde julho não vinha fazendo musculação e natação só uma vez por semana. A Planilha previa 5 ( CINCO !!) treinos de 32 km, como entrei na semana 12 achei que faria 3 e no final das contas a minha maior distância foram 28km. O grande dia se aproximava e comecei a ficar com medo de não completar. A preparação não tinha sido boa, a prova era difícil, com muitas ladeiras, a temperatura ameaçava estar alta. Mas apesar de tudo, minha sensação era que tinha mais tempo de corrida nas costas e isso ia fazer a diferença.
Fui. E isso fez a diferença.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Meia, porque não?

Terminada a euforia pós conquista do quase inatingível, a meia maratona serve para " aproveitar" o treinamento . Confesso que fiquei meio de preguiça, fazendo o mínimo, quase não nadei, musculação nunca mais fiz. Mas fiz longas em todos os finais de semana, seguindo o final da planilha da meia do pessoal do FIRST .
Dia 22/08/2010 acabei correndo a Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro. Fiz uma confusão na inscrição - era pagamento por boleto, imprimi o boleto e esqueci de pagar. Acabei conseguindo me inscrever na última hora.
A confusão da inscrição foi boa para que encarasse a corrida como um passeio. Foi para mim um treino com suporte, com um trajeto que psicologicamente é bom no início e ruim no final. O bom é encarar logo de cara a pior subida, a Niemeier. O Ruim é passar pela chegada quando ainda faltam mais de 5 km para a chegada. Tem que se estar bem preparado para não se desestabilizar com tudo isso. A corrida foi bem tranquila. Na Niemeier consegui manter-me correndo todo o tempo e senti que daria para tentar fazer tudo abaixo dos 7 minutos, próximo dos 6:30. Fui sem dificuldades por Leblon, Ipanema, Copacabana, praia de Botafogo, praia do Flamengo/Aterro. A passagem pela chegada faltando ainda 5 km é muito ruim. Há que se estar bem preparado para superar esse fato sem problemas.Completei com 2h23min com um sprint violento na chegada! O garmin 405 registrou 19km/h de máxima na hora desse tiro!!!

domingo, 25 de julho de 2010

O dia seguinte - Pessoas

Pessoas, ah, as pessoas!
Seria para mim impossível lembrar de todas as pessoas que me incentivaram nessa mudança de vida, que participaram de suas etapas, que vibraram com minhas pequenas conquistas, que vieram me parabenizar pelo alcançar de objetivos. Agradeço aqui a todos vocês. Corri a maratona sozinho, mas sem o apoio das pessoas à minha volta isso não teria acontecido.
Logo ao receber a medalha por ter completado a prova resolvi que iria usá-la por uma semana. E assim o fiz. Durante toda a semana usei a medalha para todos os lugares que fui: comprar pão, supermercado, hospital, consultório até no centro cirúrgico usei(debaixo da roupa). Foi confortante receber palavras de carinho de desconhecidos, que pela medalha reconheciam o esforço que foi necessário para obtê-la.
A todo momento lembro de uma palavra dita, um gesto, um olhar sem censura, de consolo para um gordo estafado, doados por tantas pessoas diferentes e que foram os alicerces sobre os quais construí a minha mudança na vida. Agradeço e tento multiplicar o que recebi. Como diz o poeta/profeta que não era nem uma coisa nem outra, "gentileza gera gentileza".

O dia seguinte - atividades

É, o derramamento de endorfina acaba...
No dia da prova fui almoçar na casa de um amigo de infância, cobertura de dois andares com a comida maravilhosa estilo Tex-Mex no andar debaixo e os homens no andar de cima. Rastejei várias vezes entre os andares, movido a uma mistura de tequila com resquícios de endorfina, batendo dois pratos gigantescos com a consciência de gordo(agora magro) tranquila, afinal o gps acusava um gasto calórico de quase 4000 calorias durante a prova! Qualquer passo implicava numa queimação nas coxas, mais intensa se isso envolvia descer algum degrau.
Na segunda-feira a diferença era pequena. Fiquei feliz de ter tido o bom senso de desmarcar o consultório, não marcar cirurgias e não marcar pacientes no ambulatório, para tirar o dia para o descanso. Na terça-feira a noite fui para esteira. Ainda estava com as coxas queimando ao subir ou descer escada, mas achei que devia correr um pouco. Corri 3 km bem lento, solto, a uns 8,2km/h e andei outros 500 m. A dor era ainda bem intensa, mas me senti bem após a atividade. Na quarta-feira fui à natação com a ideia de fazer metade da aula. Porém me senti tão bem que nadei os 2000m habituais sem a menor dificuldade. Na sexta-feira corri 8km na esteira, os primeiros 5km em 31min!!! É nítido o meu melhor preparo, como estou conseguindo correr mais rápido sem aumentar tanto a frequência cardíaca.
Fui hoje treinar na Lagoa. Corri 15 km ( duas voltas) e fiz num ritmo de 6min e 37 seg por km!!!!! Para mim isso é fenomenal! Há 4 meses (em março) na primeira vez em que fiz essa distância o meu ritmo foi 7min e 56 seg por km. É tão legal poder medir o quanto a gente melhora!
A meta imediata é manter preparo para a meia internacional em 22 de agosto. Depois vou tentar aumentar a velocidade treinando para 10km.

terça-feira, 20 de julho de 2010

free counters

Completei!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



Há um ano disse a mim mesmo que faria isso. No início não acreditava muito. Resolvi contar para todo mundo, para tornar público meu compromisso. Tomei gosto pela coisa. Consegui uma lesão por excesso de treinamento. Retomei mais criterioso e firme de objetivo e propósito. E consegui.
Acordei às 04:15 da manhã e tomei o café da manhã de sempre: duas fatias de torrada, café e coalhada. Às 05:15 estava pegando o ônibus para o Recreio. O motorista não sabia o caminho e do Alvorada em diante tive que ir ensinando o caminho. Sentei ao lado de um cara de Brasília e atrás de dois baianos. Éramos poucos os cariocas dentro desse ônibus.
Chegando no Recreio fazia um friozinho, não chegava a incomodar mas estava frio. Fiquei sentado num meio-fio observando a variedade de pessoas que se preparava para a largada, cada um com o seu ritual. Depois de um tempo o Flávio me achou. Ficamos um tempo juntos e nos separamos para a largada. Ainda encontrei o Haroldo que largou alguns metros a minha frente. Nesse momento já não estava nervoso, ansioso ou tenso. Estava absolutamente tranquilo, como sempre fiquei em qualquer tipo de prova. A preparação acabou, de uma forma ou de outra estava pronto, só restava fazer a prova. E passou rápido! Largamos! De cara um "aquecimento" de 3 km dando a volta até a Macumba e passando de novo pela largada. Recreio, Reserva e Barra, primeira metade da prova. Fiquei tão preocupado com a hidratação antes da prova que tive que fazer "pipi" stop nos km 5, 10 e 15! Depois disso acho que houve um equilíbrio entre o que perdi no suor e o que bebi e não precisei de mais nenhuma parada. Na Barra uma grande alegria, encontrar o Paulo José junto com o seu pai, acho que lá pelo km 16, 17. Parecia que estava começando a correr aquela hora! Nesse trecho havia algumas poças d'água no asfalto e corri por vários trechos na ciclovia. Foi o único momento em que choveu uma garoa fina, mas que não incomodou quase nada. Nesse aspecto o clima foi muito amigo, nublado e sem sol durante toda a prova, só um vento leste contra atrapalhou um pouco.
A subida do elevado do Joá foi bem mais tranquila do que pensava. O km 22 ficava no início da subida e precisei encurtar a passada menos do que imaginava. Nessa hora meus olhos se encheram de lágrimas, foi o momento em que tive a sensação real que terminaria a prova. O visual depois do túnel associado a suave descida tornam esse trecho uma delícia!
Em São conrado já estava incomodado com os quadris. É curioso como nos longas em mim o que "chia" mais é o quadril e não o joelho. Um pouco antes da subida da Niemeier, uma grande surpresa: Wanda, Zé e Luli fazendo a maior algazarra com a minha passagem! Foi um ânimo extra para encarar aquela subida! Passei muitos que passaram a andar. Reduzi o ritmo, mas continuei correndo provavelmente a uns 7,5 km/h. A chegada no Leblon era muito esperada e temida. Desde o início dos treinos preparava a cabeça para esse momento, foi como se já tivesse passado por aquilo antes. No km 32 a coxa esquerda ameaçou endurecer, reduzi um pouco mais a velocidade e continuei correndo. Minha irmã Fernanda estaria logo a frente e quis me recuperar para passar correndo por ela. Estavam ela e a Carol(afilhada) e fizeram a maior festa com inclusive um pequeno cartaz "lindo, lindo, lindo". Foi lindo! Um domingo nublado, muita gente andando na pista, umas poucas pessoas incentivando os loucos que estavam há 4 horas correndo. Na minha fantasia imaginava a pista cercada de pessoas aplaudindo... em toda a orla do leblon a copacabana, excetuando a família, umas 5 ou 6 pessoas deram força. Na Francisco Otaviano estavam todos eles: Mamãe, Chris, Alice, João Pedro e Raimunda. Foi uma injeção extra de ânimo, na hora em que precisava. Consegui seguir correndo lento em copacabana, sentindo uma dor "desviada" leve a direita. Na esquina com a Princesa Isabel, Flávia e Leonel aguardavam a minha passagem, incentivadores da primeira hora. O Leonel fez questão de correr ao meu lado por um quilômetro, até o 39. Parte corremos, parte andamos. Minhas pernas ameaçavam o colapso total, ambas as coxas endureciam quando corria, quase em cãimbras, obrigando-me a andar esses últimos quilômetros. Corri alguns pequenos trechos e quase na chegada encontrei com o Alexandre. Quando faltavam pouco mais que 100 metros, dei uma disparada final e terminei num sprint violento, feliz e satisfeito, exultante de ter conseguido fazer o impossível.
Como dizia o Regudo, "a banana engoliu o macaco..."

sábado, 17 de julho de 2010

É amanhã

Chegou o dia. Há exatamente um ano fazia matrícula na academia. Amanhã faz um ano que acordei ainda escuro e sem pensar muito fui para musculação e esteira, 20 minutos bufando a 5,5km/h e quase morrendo quando tentei correr a uns 10km/h por quase um minuto. Desde aquele dia o sonho era conseguir saúde, perda de peso e completar a Maratona do Rio de 2010. Imaginava - antes de tentar correr pela primeira vez - que seria possível atingir a meta e ainda com o tempo em torno de quatro horas. Logo vi que completar os 42km era algo especial. Completar é o objetivo, o tempo é consequência do treinamento, da genética, da motivação do dia, de inúmeros fatores. De todo jeito, a alma da maratona é a jornada. Não vejo a hora de ir deitar, acordar e correr a prova, mas o prazer que tive para chegar até aqui foi inigualável!
Tudo está pronto, Número na camisa, chip no cadarço do pé esquerdo, tudo separado. Boa prova a todos!

domingo, 27 de junho de 2010

Entrando no ritmo - Os treinos para Maratona

O treino vai progredindo e vou muito gradativamente perdendo um pouco de peso e estabilizando. Em abril meu peso oscila em torno de 96kg. O treino se intensifica, mas o mais difícil de todos foi o primeiro longa. Depois o difícil é encaixar os treinos na minha rotina de cirurgião geral. Vez ou outra tenho que alterar dias e não fazer a natação por conta de compromisso profissional, mas não perdi nenhum dia de treino de corrida dos previstos na planilha. Em abril durante um congresso em Washington corri dois dias na esteira do hotel e fiz o longa no dia da chegada no Rio! Claro que o desempenho foi péssimo, mas não foi perdido. Nos tiros e longas o treino corria tranquilo. O sofrimento vinha sempre nos treinos de ritmo, um pouco mais rápido, distância média.
Logo no início criei uma agenda no google, maratonafirst@gmail.com e coloquei toda a planilha nela. O Flávio, a Teresa e a Flávia resolveram também segui-la. O entusiasmo em grupo só reforça a vontade de fazer tudo certinho. A lesão recente me fez fazer exatamente o recomendado, nem mais, nem menos. O 405 mostra a evolução ao longo do tempo, em termos da frequência cardíaca e da velocidade. http://connect.garmin.com/activity/29781385 e http://connect.garmin.com/activity/38208020 . É empolgante perceber a melhora e comprovar em números que ela está acontecendo de fato.
Em maio fui a um casamento de um primo em Belo Horizonte. O longa previsto era de 19km e aproveitei para dar uma volta na Pampulha ( 18300m). A temperatura, boa noite de sono, local diferente, tudo conspirou para um ótimo dia. Tem dias em que a gente acorda PARA correr. Foi uma corrida tranquila, solta, num ritmo médio em torno de 7 minutos por km.
Em junho duas viagens previstas: Miami na primeira semana e Porto Alegre na segunda. Em Miami fui junto com o Flávio numa viagem relâmpago - uma noite viajando, duas noites lá, outra noite viajando de volta. Acabamos optando por fazer o longa lá e não fazer o treino de ritmo - esse foi o único treino que não fiz de todos os previstos na planilha. O Longa era de 20km. Estávamos em Fort Lauderdale e resolvemos sair do hotel e seguir pela praia em direção norte até 10km e voltar. Foi dificílimo! O tempo estava muito quente, abafado, úmido, tive que fazer o último quilômetro andando pois a FC estava passando dos 174bpm! Acho que foi o conjunto de fatores: clima, noites mal dormidas da viagem, dia ruim.
Na semana seguinte viagem para Porto Alegre com longa previsto de 28km. Fiquei realmente tenso ante essa distância, a segunda maior do período de treino. Ficaria 3 noites lá e escolhi um hotel que tinha esteira e até uma raia de 25m para natação! Levei toda a traquitana de natação e de corrida. Na primeira manhã corrri na esteira do hotel. Na segunda nadei 2000 m, ansioso com o longa de 28km. Estudei vários trajetos no webrun e google maps e cheguei a conclusão que 0 melhor era ir andando até a beira do Guaíba e correr na direção sul, me guiando pelo garmin para atingir a distância desejada. Acabei indo até o bairo Tristeza, partindo do centro - quem conhece Porto Alegre sabe que é bem longe. Foi super tranquilo ( http://connect.garmin.com/activity/36579817 ), fiz com ritmo um pouco abaixo dos 7min por km.
De volta para o ritmo normal, sem viagens, aguardava o maior longa de todos: 32 km. Qual trajeto faria? Achava que deveria ser um percurso que mostrasse por si só a magnitude da distância. Quatro voltas na Lagoa mais 2km não refletiam o que vinha pela frente. De tanto verificar distâncias no webrun passei a ter um "feeling" das magnitudes dos trajetos. Após muito estudo de mapa resolvi: sairia de casa no Cosme Velho, de madrugada, descendo pela rua das Laranjeiras, Pinheiro Machado, Farani, Praia de Botafogo, Pasteur, Copacabana, Ipanema, Jardim de Alah, uma volta na Lagoa e retorno pelo mesmo caminho. Deu 32,5km em 3h47min, com 800m de caminhada no final pois a rua das Laranjeiras estava apinhada de gente às 09:45 da manhã e foi impossível terminar correndo ( http://connect.garmin.com/activity/38208020 ). Mais uma vez repeti o ritmo de um pouco menos que 7 min por km. As pernas ficaram meio bambas, mas deu para cumprir tudo sem pensar em parar. Foi bom para ter a dimensão de como vai ser a superação de correr mais 10km no dia 18/07.

sábado, 26 de junho de 2010

Começa o treino

No dia 15 de março comecei "oficialmente"a treinar para a maratona do Rio. Já tinha me inscrito em Fevereiro, num ato que misturava ousadia/rebeldia/insanidade e uma vez inscrito, resolvi pelo menos tentar me preparar. A prova dos 10km do outono me ensinara que se eu quisesse de fato completar a maratona teria que ser no meu ritmo ( lento ). A planilha F.I.R.S.T. para a primeira maratona era baseada nos ensinamentos do livro "Run less, run faster" que eu havia lido alguns meses antes. Resumindo, 3 dias de corrida mais dois de treino alternativo - no meu caso natação. Cada dia de treino com um objetivo específico: aumentar o consumo de oxigênio, aumentar o limiar de lactato e aumentar a resistência. terça/quinta/sábado, Tiros, Treino de ritmo e longão, natação quarta e sexta, assim é a semana típica de treinamento.
Resolvo que serão dois dias de esteira e um de rua, quase sempre na Lagoa. Na esteira é mais fácil controlar a velocidade dos tiros e dos treinos de ritmo, fundamentais no método First. No primeiro longa fico beirando a exaustão, numa cadência próxima de 8 minutos por km (7,5-7,6 km/h). No segundo já estava com o GPS (forerunner 405) trazido pelo Flávio, amigo corredor e incentivador da primeira hora e passei a registrar todos os longões (o segundo de 14,5km http://connect.garmin.com/activity/29781385 ).

10 Quilômetros

Durante o mês de fevereiro/2010 levei a sério o sistema 3dias de corrida mais 2 de natação. A sensação de melhorar, de conseguir correr por um tempo maior, dava um poderoso sentimento de controle sobre a a própria vida. O esforço dava resultado.Corri 9 km em pouco mais de uma hora em duas oportunidades e 10 km em pouco mais que isso em outras, antes de correr a prova da Adidas do outono. Minha meta era desde o início a maratona do Rio em Julho. Já tinha feito as contas com a planilha de 18 semanas do F.I.R.S.T para a primeira maratona e teria que começar o treinamento na terceira semana de março com o primeiro longão de 13 km. Resolvei que se conseguisse completar os 10 k em menos de 1h10min iria treinar para a maratona.
Chegou a prova.Sete de Março, domingo 8:00 da manhã. Confusão para achar o meu chip, mas no final, tudo certo. Largo com dois amigos que já correm. Não queria que isso acontecesse, mas não deu para evitar. Depois de 3 km percebo que estou com "dor desviada" a esquerda e exausto, com frequência em torno de 170bpm. Aparentemente estava bem, mas forçava o meu próprio ritmo para acompanhá-los, até a minha exaustão. Tive que reduzir drásticamente a velocidade, para uns 8 min por km ( estava antes a uns 6:40min por km) pois senão não iria completar a prova. Após uns km consegui recuperar e terminei com 1h12min. Dois dias depois faço na esteira os 10 k em 1h e 8min. Com isso tomei coragem e iniciei o treinamento para a maratona.
Essa prova me mostrou como é importante o autoconhecimento para a expansão dos próprios limites. Por mais que seja visto por muitos como de uma certa forma coletivo, vejo a corrida como um esporte absolutamente individual. O coletivo é o partilhamento do prazer de correr, sentir-se bem, alcançar metas, buscar ideais, que advem da corrida individual.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Ficando mais sério

Em Fevereiro 2010 após os 15 dias de férias na Bahia voltei com a corda toda. Meu objetivo era me firmar abaixo dos 100kg e aumentar a distância percorrida. Peguei a planilha para os 10 km e fui fazendo adaptações. Abusado, logo em janeiro me inscrevi para a prova de 10 km do outono que seria realizada em março. Minha meta era ver se conseguiria completar os 10k próximo de uma hora para poder me preparar para correr a maratona do Rio, com data em 18/07/2010. A planilha da maratona começava com um longão de 13,5 km e essa distância ia progressivamente aumentando até chegar a 32k faltando 3 semanas para a prova. No final de fevereiro consegui fazer 9 km em pouco mais de uma hora e me inscrevi para a maratona do Rio- Acho que foi em 23/02/2010 que fiz a inscrição. Senti-me arriscando um pouco, pensei se "anunciava"que tinha feito a inscrição ou não e no dia seguinte recebi uma msg do Haroldo Leão chamando o pessoal para a Maratona, Meia e Family Run. Não resisti, falei logo que "já estava inscrito". "Para a completa, nada pela metade não...".
Terça, quinta e sábado, corrida. Quarta e sexta, natação. Tiro, "tempo run", longão. Pouco a pouco fui aumentando a distância até que consegui fazer 10k alguns dias antes da prova do outono.

domingo, 13 de junho de 2010

Dois Dígitos

No dia 22 de dezembro de 2009, após 15 anos pesando mais que 100 kg, subi na balança após a ginástica e o peso foi: 99,7kg!!!!!!!!!!!!!
É verdade, foi antes de beber água, tomar café da manhã,etc, mas foi o que mostrou o marcador da balança. Fotografei a balança comigo em cima e com o JB do dia em baixo e enviei para toda a minha lista de contatos. Os olhos ficaram cheios de lágrimas, especialmente ao receber as respostas dos amigos, todos incentivando e apoiando a mudança que estava conseguindo dar na minha vida. Aliás, a melhor sensação desde que comecei todo esse processo é sentir que sou eu quem controla a minha vida, não sou controlado por ela, faço o que quero, quando quero.
Vieram as festas de final de ano e obviamente o peso oscilou para cima, ficando na casa dos 99 a 104 até o final de Dezembro. Na segunda quinzena de Janeiro fomos de férias para a Bahia. Uma semana na chapada Diamantina, uma semana na Praia do Forte. Consegui voltar oscilando entre 97-102, o que foi um feito e tanto. Na verdade até perdi peso na Chapada, com as caminhadas de horas a fio, mas recuperei no período de descanso na praia do Forte. O importante é que consegui manter uma atividade física regular. Na chapada a atividade era o dia a dia intenso, extenuante. Na praia do Forte, dia sim, dia não corri 6 km pela manhã, acordando sempre sozinho, sem despertador. Numa dessas corridas, junto com a Márcia, fui bem lento para acompanhá-la. Até então, qualquer corrida levava a minha frequência cardíaca a 165-170 ( minha FC máxima era 175). Nesse dia fui bem lento e para minha surpresa a FC ficou em torno de 145-150. Achava que isso nunca iria acontecer comigo e esse fato foi o primeiro fato concreto que me disse que de fato seria possível completar a maratona. Na minha lógica se não conseguisse correr com uma frequência em torno de 150, nunca conseguiria manter-me correndo por 5 horas seguidas.

Finalmente correr!

Passado o período de repouso pela a contusão, além de nadar voltei a andar na esteira . O período sem esteira serviu para pesquisa e leitura sobre os métodos de preparo para se correr uma maratona. Desde o primeiro dia de exercício esse era meu objetivo: completar a maratona do Rio de Janeiro de 2010. Pesquisei em vários sites da internet e o método que mais gostei foi o FIRST, descrito no livro “run less, run faster”ainda não editado no Brasil (Nota tardia: editado com o título " treine menos, corra mais"), escrito por editores de uma revista de corrida americana. A história por trás do método é que ele eram um grupo de triatletas que só treinavam corrida 3 vezes por semana e começaram a ter resultados na corrida melhores que corredores exclusivos! O motivo: treinando menos dias, tinham menos lesões. Recuperando-me de uma lesão por sobrecarga de treinamento, aquilo fazia todo sentido do mundo. Mais ainda, o método baseava-se em 3 treinos com objetivos específicos cada um e incentivava atividades alternativas nos dias de não corrida, tais como bicicleta, remo e natação. Encomendei o livro ao Flávio que estava viajando para Chicago para um Congresso e logo virei um defensor ardoroso do método.
Iniciado o mês de novembro de 2009 comecei a correr seguindo a planilha de quem nunca correu e deseja correr 5 km. Como é da minha personalidade, fiz umas adaptaçõeszinhas, pulando alguns treinos, de forma que completei a planilha, que era para ser cumprida em 12 semanas, em pouco mais que 6 semanas de treino até que na segunda semana de dezembro consegui correr 5 km initerruptos na esteira, em 38 minutos! Tinha acabado de virar um corredor. Para a Maratona faltava “só” conseguir correr mais 37 km… Mais ainda restavam 6 meses para a preparação.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O reinício

Após duas semanas de muletas, recomecei pela natação. Não cheguei a parar de fazer musculação mas restringi os exercícios. Não queria perder os ganhos já conquistados a grandes esforços. Nadar foi sempre presente na minha vida, nos mais variados momentos, de várias maneiras diferentes.
Foi fácil manter o ritmo. Já estava acostumado a acordar antes das 6 da manhã. Quase nunca ouvia o despertador tocar, geralmente acordava antes. E ainda tinha uma vantagem adicional, a natação era um dos treinos alternativos propostos pelo método FIRST, que havia descoberto em buscas na internet e que achei que era o que mais se adequava ao meu perfil.
Expliquei à professora ( Maitê) minha situação e objetivos, inclusive o sonho de completar uma maratona e da importância da natação no treinamento global. Desde o primeiro dia acolhedora, a Maitê foi uma incentivadora da primeira hora, acreditando na recuperação rápida e na minha determinação na busca dos resultados.
Com isso, no final de outubro estava de volta à esteira, de forma regrada, 3 vezes por semana.

sábado, 15 de maio de 2010

Correr é voar

Correr implica em estar em algum momento do deslocamento sem nenhum apoio no solo.
Por alguns instantes somos seres alados. Só há um problema, não temos asas. Joelhos, pés, pernas e tornozelos, aí vai a carga maior. Resumindo, do joelho para baixo. O Elefante sempre mantém uma das patas no chão quando " corre" . Nós não, nós voamos, mais de 100 vezes por minuto, até que parece que tem um "motorzinho" nos levando para um passeio.
Quando a corrida chega a esse estágio minha sensação é que estou voando bem baixinho e vou curtindo o som e a paisagem ao redor. As duas semanas de muletas mostraram como são importantes as pernas e os limites, que devem ser respeitados para ser quebrados.
Em outubro tive que interromper a esteira, alguns exercícios da musculação mas voltei para uma amante antiga: a natação.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Qual é o único animal que não corre?

O Simbalista fez umas perguntas por telefone e matou a charada. Disse que não era lesão de menisco e que parecia lesão ósteo-condral por stress, sendo necessário fazer uma ressonância de joelho. Dito e feito a rnm mostrou fratura por stress do plateau tibial esquerdo + lesão ósteo-condral por stress do direito. Tratamento: muletas enquanto estivesse doendo - tirar a carga daquela perna.
Foi terrível e ao mesmo tempo muito bom que isso tivesse acontecido naquele momento. A limitação das muletas me mostrou um mundo com outros olhos, mostrou o valor inestimável que é poder se locomover sem dificuldades com as próprias pernas. Serviu como um alerta para passar a respeitar os limites do próprio corpo, que com cautela podem ser extendidos.
E aprendi qual é o único animal que não corre: o elefante!

Acabei me lambuzando todo!

Pois bem, aos 112, 113 kg comecei a dar umas corridinhas de 3, 4 minutos. Ficava geralmente uma hora na esteira, umas 4 a 5 vezes por semana. Quando corria, a sensação era que a academia ia "ruir". Tremia tudo, parecia que a esteira ia desmontar. Estávamos no final de agosto/ início de setembro de 2009. Viajei para um congresso em Berlim onde fiquei por uma semana. Andava o dia inteiro, quilômetros por dia. Conheci tudo a pé. Teve um dia em que saí ás seis da manhã para andar/correr com o Flávio Malcher ( amigo super incentivador da corrida). Meio sem graça de obrigá-lo a andar, acabei mais coorrendo que andando. Fiquei quase o tempo todo com uma dor permanente um pouco abaixo dos dois joelhos, na altura do plateau tibial.
De volta da viagem, carga total para ver se conseguia me preparar para correr os 5 km da prova da Adidas da primavera. Numa terça feira no final de um tiro ( corridinha) senti uma dor aguda bem no local de inserção da pata de ganso. Gelo, gelo, gelo, só doía quando colocava o pé no chão. No sábado tentei novamente andar/correr na esteira. A dor voltou, muito mais aguda e intensa. Passei uma semana colocando gelo quase 24horas por dia, anti-inflamatório direto e nada de melhorar. No sábado seguinte, 26/09/2009, joguei a toalha e liguei para o amigo ortopedista Luís Simbalista.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Muita sede ao pote

Já diz o ditado: " quem nunca comeu melado quando come se lambuza". Foi tomar gosto pelo exercício, pela endorfina/serotonina para achar que logo conseguiria correr. Já tinha perdido una 5a 7 kg, estava pelos 112-113 kg quando me inscrevi na prova da Adidas da primavera para correr 5 km. Não queria andar, queria correr, nem que fosse bem devagar. Comecei a dar umas corridinhas de um, dois minutos no meio da caminhada da esteira

Início

Desde o início mudei radicalmente um dos meus hábitos mais arraigados: acordar cedo. A vida inteira sempre tiver horror a acordar cedo, fui sempre um ser noturno. Porém a partir dos 40 anos isso foi mudando. Pouco a pouco fui deixando de ser um ser noturno para ser matinal. Quando iniciei o programa de exercícios o único horário regular possível era às 6 da manhã. Inacreditavelmente consegui acordar todos os dias antes do despertador, regulado para 5:45h. Ás 06:05 geralmente estava entrando na academia para uma sessão rápida de musculação, um dia série para perna, outro para braço. Depois da musculação, esteira. No início só conseguia caminhar por 30 minutos. Logo ficava 40 minutos a uma hora na esteira. A sensação de controlar a si mesmo era fantástica!
Nas primeiras semanas continuei glutão como sempre e o ponteiro da balança não mudou. Tirei as gorduras, carne de boi só em churrasco ou churrascaria, peixe todos os dias, almoço e jantar. Pronto! Os quilos começaram a ir embora, 1,5 a 2 por semana.

Porque o título?

Na hora em que resolvi escrever esse blog a idéia era registrar a experiência que estava vivendo. Mas qual seria o título? Pensei em vários, todos muito óbvios. De todos os objetivos, o maior era melhorar a saúde e o bem estar e a consequência disso é conseguir me tornar um velhinho saudável. É difícil ver uma pessoa de 90 anos gorda, chegam lá os magrinhos que têm algum tipo de atividade física. ( que me perdoe o Jô Soares, que fica o tempo todo buscando evidências do contrário). No caminho que estava indo, gordo, hipertenso, com a glicose alta - ainda não diabético mas indo nessa direção- a resultante seria uma vida sem envelhecimento, ia morrer novo na certa! Por isso " correndo para envelhecer" , com pressa de ficar saudável e CONSEGUIR envelhecer com saúde.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Primeira - O começo de tudo

Tudo começou há alguns anos. Diria há uns 16 anos. Ou melhor, há uns 18. A gente casa feliz da vida e passa a fazer compras e fazer o que bem entende. E comer de tudo. E fazer menos atividade física. E engordar, engordar, engordar. Acho que casei com o meu peso mínimo mais recente, 94-95 kg, me achando enorme.
Os anos foram passando e fui me achando bem, muito bem. Fui aprendendo a cozinhar cada vez melhor. Em 1994, no reveilon para 1995 ( gravidez da Alice) rompi a barreira dos 100 kg para nunca mais voltar. Na gravidez do João Pedro, rompi os 110Kg, o que do alto dos meus 1,82 m fica até bem distribuído, gordo engraçado, divertido, comilão.
Pena que junto veio hipertensão arterial e aumento progressivo da glicose de jejum. Nas férias em janeiro com as crianças, só de imaginar qualquer programa com caminhada de mais de 5 minutos, já desistia. Em 2006 viagem de 6 dias em congresso a Bordeaux/ Paris consegui a façanha de passar de 115kg a 121kg em 6 dias e sofrer de dor nos dois joelhos durante toda a viagem, tomando anti-inflamatório como se fosse vitamina...
Janeiro de 2009, férias na praia do forte- Bahia - e lá estou eu fugindo de todo programa que envolva qualquer caminhada, o que dirá uma corrida! O pessoal é super ativo, saudável, animado.Novos exames de sangue e a glicose se mantendo em torno de 110-113. Passam uns meses e a Chris ( patroa) pergunta se pode inscrever toda a família (eu, ela Alice e João Pedro) no "family run" - corrida/caminhada que faz parte da maratona do Rio com 6 km de extensão, para a gente fazer caminhando. Pensei: " isso equivale a uma hora e meia de shopping center, consigo fazer mole" . Falei:" Pode inscrever!".
E assim foi feito, nos inscrevemos todos. Ela até foi andar algumas vezes na lagoa com as crianças, eu nada fiz para me preparar.
No dia 28/06/2009 às 07:30 da manhã chegamos ao aterro. Fiquei maravilhado com o que encontrei. Um ambiente saudável, sadio, de pessoas colaborando umas com as outras, cada uma competindo consigo mesmo em busca da sua saúde, do seu bem estar. MILHARES DE PESSOAS, e nenhuma divulgação, imagine se houvesse divulgação...
Fizemos a prova caminhando em 60 minutos, nós quatro de mãos dadas. Fiquei com todos os músculos do corpo doendo por uma semana. Marquei uma prova de esforço(17/07/09) e me matriculei numa academia (17/07/09). Na minha avaliação, feita pelo prof Cláudio, ele me perguntou porque estava me matriculando. Respondi: "objetivos de curto, médio e longo prazo. Curto prazo, perder peso; médio prazo, completar uma maratona; e longo prazo, ter saúde." Quando falei "completar uma maratona" ele, que estava escrevendo de cabeça baixa, parou de escrever, levantou a cabeça, me olhou e disse:"ousado hein! Tô gostando disso, mas tem que tomar cuidado, isso pode ser perigoso". Nesse dia estava pesando 116kg, já tinha perdido uns quilinhos, oscilava entre 116-118. Comecei a musculação + esteira no dia 20/07/2009, mas sem fechar a boca achando que isso seria o suficiente para emagrecer. Só em agosto passei a restringir as gorduras - basicamente tirei a manteiga e carne só em churrasco ou churrascaria, como peixe todos os dias, grelhado cozido ou assado.
As vésperas do natal consegui retornar aos dois dígitos! 99 kg, fotografei a balança a enviei para toda a minha mail list... Atualmente oscilo entre 94-96 com a meta de chegar aos 85, mas está bem mais difícil.